quarta-feira, maio 16, 2007

Escadas: Manter a relação cobertor-espelho?

As normas referem que o degrau de arranque de uma escada pode ter dimensões diferentes se a relação do espelho com o cobertor se mantiver constante. O que se pretende com esta norma?


As normas referem, no seu ponto 2.4.4:

“O degrau de arranque [das escadas] pode ter dimensões do cobertor e do espelho diferentes das dimensões dos restantes degraus do lanço, se a relação de duas vezes a altura do espelho mais uma vez a profundidade do cobertor se mantiver constante”.

A relação cobertor/espelho a que as normas fazem referência é a equação

2 E + C = 64

…em que E é a altura (em cm) do espelho dos degraus da escada, e C a profundidade (em cm) do cobertor. O valor mais usado é 64, mas há quem considere aceitável um valor no intervalo 63 a 66 (cfr. Neufert).

Vejamos a sua aplicação prática:

Espelho de 15cm, Cobertor de 34cm:
2 x 15 + 34 = 64

Espelho de 18cm, Cobertor de 28cm:
2 x 18 + 28 = 64

Esta relação pretende ajustar a configuração das escadas à dimensão da passada do homem médio. A aplicação desta relação em todos os degraus permite, em teoria, manter a passada mesmo quando as dimensões dos degraus se alterem.

Certas escadas antigas tinham, na sua base, um degrau de arranque com dimensões diferentes das dos restantes. Será aparentemente para salvaguardar como aceitável essa situação que as normas do DL 163/06 contêm esta disposição.


Recomendação

Embora, em teoria, manter esta relação traga conforto e segurança ao utilizador da escada, o que se verifica, na prática, é que a existência numa escada de degraus com dimensões diferentes dos restantes constitui um sério perigo de queda.

Note-se, por exemplo, que o cumprimento desta relação não impede a existência de degraus de arranque com um espelho muito menor do que os restantes (quanto maior for o cobertor desse degrau de arranque, menor será o respectivo espelho), uma mudança que não é imediatamente perceptível para quem desce a escada.

Assim, embora as normas do DL 163/06 integrem esta disposição, recomenda-se vivamente que ela não seja aplicada na concepção de escadas novas.


PHG 16MAI07

Agradecimentos: João Branco Pedro

1 comentário:

Anónimo disse...

Olá Pedro
Concordo com os teus comentários mas no meu entender a equação não é tão precisa.
De acordo com o quadro na secção 1.3.1 a equação será
60<2A + C<65.

Algumas normas internacionais recomendam um só valor, como 64 e outras permitem uma gama de valores restrita (62 a 64), mas a nossa legislação é mais subtil: não define a equação e implicitamente a gama de valores é maior.

Keep up the good work
Peter Colwell