quinta-feira, abril 26, 2007

Rampas em Curva: inclinações

Como é que devem ser medidas as inclinações longitudinal e transversal das rampas em curva?


As normas referem no seu ponto 2.5.3 que “se existirem rampas em curva, o raio de curvatura não deve ser inferior a 3 m, medido no perímetro interno da rampa, e a inclinação não deve ser superior a 8%”.


Como é sabido, a percentagem de inclinação de uma rampa deve ser medida de acordo com a seguinte fórmula:

i = (h x 100):c

em que (i) é a inclinação (%) e (h) a altura vencida num determinado comprimento (c), medido em planta.


Inclinação Longitudinal

Para calcular a inclinação longitudinal nas rampas em curva, o comprimento deve ser medido em planta sobre o perímetro interno da rampa.

O perímetro interno da rampa é o limite da rampa mais próximo do seu centro de curvatura.

O limite a que se faz referência é o limite utilizável da rampa, ou seja, ou limite da sua largura útil. Se, por exemplo, a rampa tiver um murete, o perímetro é medido pelo lado do murete virado para o interior da rampa.

Como é sabido, o perímetro de uma circunferência aumenta com o seu raio. E por isso, o perímetro interno da rampa será menor que o perímetro externo (o lado oposto).

Se ambos os lados vencem a mesma altura, então a inclinação da rampa será necessariamente maior no perímetro interno (onde se vence mesma altura num comprimento menor).

É, por essa razão que, no caso das rampas em curva, a inclinação da rampa em curva se deve medir no seu perímetro interno e não a meio da sua largura. Se calculássemos os 8% de inclinação máxima a meio da largura, metade da rampa teria uma inclinação superior.

Pela mesma razão, é com base nas medidas do perímetro interior que se deve definir a colocação de patins intermédios.

Uma nota ainda a este respeito: da leitura das normas resulta claro que as inclinações de 10% e 12% admitidas em 2.5.2 não são, em nenhum caso, admitidas nas rampas em curva.


Inclinação Transversal

A inclinação transversal das rampas em curva deve ser medida sobre o raio de curvatura.

Se a rampa for semicircular esta medição é relativamente simples.

Se a rampa for desenhada com base numa outra figura geométrica regular curva, a inclinação transversal deve ser medida em pontos a definir caso a caso, sempre com base nos raios de curvatura aplicáveis em cada parte.

Se a curvatura da rampa for irregular e não se basear, no seu todo ou em nenhuma das partes, em qualquer figura geométrica, deverão ser efectuadas tantas medições quantas as necessárias para se assegurar que o máximo de 2% é respeitado. Em diferentes pontos do perímetro interno podem ser traçadas tangentes, medindo-se a inclinação transversal sobre as linhas perpendiculares a essas tangentes.


Uma regra simples ajuda a cumprir estas exigências: ambos os lados da rampa devem vencer a mesma altura, e em ambos os extremos a rampa deve ter um remate perpendicular, naquele ponto, ao perímetro interno (que, no caso das curvas semicirculares ou baseadas noutras figuras geométricas, corresponderá ao raio de curvatura).

Para facilitar o trabalho a quem projecta e a quem aprecia projectos, vale a pena sugerir, desde já, que quando existam rampas em curva o projectista refira no futuro plano de acessibilidades (quando este for obrigatório) não apenas a inclinação da rampa mas também o seu desenho geométrico, indicando os centros de cada curva e os raios de curvatura segundo os quais mediu a inclinação transversal.


Recomendação

Deve ser posto um cuidado especial no desenho e na construção das rampas curvas.

Este tipo de rampas levanta, logo à partida, um conjunto de dificuldades a quem as utiliza em cadeira de rodas.

De modo a reduzir estes inconvenientes, recomenda-se que as rampas em curva possuam o maior raio de curvatura possível e a menor inclinação possível.


Nota final

O que aqui se diz em relação às rampas em curva também se aplica às curvas nos passeios pedonais inclinados. Uma simples observação de alguns passeios que bordejam esquinas de 90º em zonas inclinadas permite encontrar inclinações muito elevadas junto à esquina. Nestes pontos o risco de queda é agravado pela superfície derrapante da calçada.


PHG 26ABR2007

Agradecimentos: João Branco Pedro

1 comentário:

Carlos Bacci disse...

Caro sr. Pedro,
tenho uma dúvida quanto a estacionamento. Em relação à vaga destinada a carros de portadores de alguma deficiencia, há faixa junta à vaga do carro para que o sujeito possa arrumar-se em sua cadeira - por exemplo. A minha dúvida é quanto à inclinação máxima longitudinal e transversal para esta situação.